sexta-feira, 17 de setembro de 2010

E se essa for a última visita?

Lembro-me bem daquele dia, era 7 de janeiro. Acordei tarde, tinha que aproveitar ao máximo o meu ultimo dia na casa de praia.
Mas ao acordar percebi que estava toda suada e com uma dor de cabeça terrível.
Senti uma sensação ruim, uma sensação que nunca tinha sentido antes. Parecia que tinha tido um pesadelo, mas não me lembro.
Então, comecei a escutar uns gritos.
Ah! Era minha irmã escandalosa como sempre, me chamando para ir à praia e se despedir da galera.
Não tava a fim de levantar e muito menos de ir embora. Aqui é tão bom me sinto como uma garota de verdade, principalmente quando estou com Ryan, ele é um garoto maravilhoso e sabe como me fazer feliz. Já naquela cidadezinha sem graça era só aquela Samanta Lispector de sempre que se sentia só e vazia, a espera que há vida um dia me encontrasse. Nunca me sentia no palco, nunca o espetáculo começava nunca a minha vida acontecia.
Mas aqui tudo era diferente, tinha uma história de amor e uma vida de grandes espetáculos.
“Sam. Vamos! Precisamos se despedir e pegar a estrada que já esta tarde” Mamãe me chamava.
“Esta bem já estou indo.” Falei num tom sem animo algum, não queria me despedir e ainda tinha essa sensação ruim.
 Me levantei, troquei de roupa e arrumei todas as minhas coisas dentro de minha mala, por incrível que pareça ela é rosa e cheia de florzinha, mas fazer o que ganhei ela de vovó e se não usa-se ela iria ficar chateada. E por falar nisso meu estilo é do tipo preto e obscuro, mas às vezes é bom pintar os desenhos rabiscados.
Fui até a praia sem vontade alguma de dizer adeus. Eu sabia que não precisa ficar assim porque dali alguns meses iria voltar. Mas uma subta ideia maluca passou pela cabeça, “E se essa for a minha última visita?”
“Ai, para de bobagem, claro que não”, falei alto e numa voz perturbadora.
Assim que olhei para frente vi uma coisa horrível, me senti humilhada uma dor profunda e sem força, uma vida estilhaçada, como um copo que se quebra em mil pedaços.
É era ele, aos beijos com uma nojenta e repuguinante garota. Não acreditei no que vi. Agora tive quase certeza de que talvez fosse a minha ultima visita.
Virei às costas para aqueles dois traidores e fui embora sem simplesmente derramar uma lágrima. Por que ele não as merecia.
“Filha já se despediu de todos? Podemos ir então?” Papai disse numa fala estranha e sem pausa.
“Não to a fim de falar sobre isso” Disse furiosa “Mas sim podemos ir, to a fim de me livrar desse lugar”.
No caminho de volta para casa estava quieta como de costume. Escutando minhas músicas e pensando como a minha vida poderia ser assim. Como tudo eu que tocasse se desfizesse em pedaços, como tudo que eu falasse se tornasse em meras palavras bobas que ninguém escuta. E nisso acabei pegando no sono.
De repente acordo. Num grito de dor. Mas sem mesmo poder me ouvir. Abri meus olhos e vi um tubo preso em meu nariz, assustei-me sem saber o que tinha acontecido. Quando olhei para o lado vi uma mulher de cabelos escuros e vestida todo de branco estava ao meu lado então notei que ela era uma enfermeira.
“O que aconteceu comigo? Onde eu estou? Por que esses tubos?...” Desabafei desesperada sem ter ideia do que tinha acontecido, mil coisas fervilhando em minha mente, mil perguntas procurando respostas.
“Calma menina, você já esta bem, vou chamar o medico.” Saiu à enfermeira com passos apresados e sumindo num corredor sem fim.
Fiquei imaginando o que será que teria acontecido naquele dia. A minha premonição será que estava certa? Será que realmente tinha acontecido uma tragédia? Não sabia mais o que pensar e antes de eu tentar me acalmar o medico já estava na porta de meu quarto.
“Doutor, o que aconteceu? Por que estou aqui?...” antes que eu pudesse terminar de fazer minhas perguntas ele me interrompeu.
“Fique calma, você esta bem melhor e esta em ótimas mãos. Você sofreu um acidente.”
Disse ele numa voz extremamente tranqüila.
“O que? Eu o que? Não acredito. Onde estão meus pais. O que aconteceu com eles?” Estava desesperada sem rumo e direção.
“Seus pais estão ótimos, não sofreram nenhuma lesão. Daqui a pouco eles poderam vir falar com você.”
“Mas e eu doutor porque estou aqui, o que aconteceu comigo?” Comecei a chorar, e sentir uma pontada muito grande no peito. Uma sensação de ter perdido de vez o sentido da vida.
“Como eu posso te disser isso numa forma menos dolorosa. Você...” O interrompi.
“Como pode? Eu não estou mais sentido nada, nem meus pés, nem minhas pernas e nem meus braços. O que aconteceu comigo?” Desabei em chorar não agüentei mais, estava perdida numa imensa noite escura e fria sem ninguém pra me amparar.
“Com acidente você ficou paraplégica. Eu sinto muito, mas não tinha nada que possamos fazer, o acidente foi muito grave.” O doutor falou com tom de tristeza.
Mamãe, papai e minha irmã entraram em meu quarto, todos chorando assim como eu.
Não me aguentei e pedi logo um abraço. Não queria estar nessa situação, é difícil suportar. Pensar que eu podia fazer tudo que queria, correr, nadar, ou só simplesmente subir em uma árvore e ficar lá no alto sozinha, pensando em como seria ter uma vida.
Pois é agora eu vou ter bastante tempo pra ficar deitada na minha cama sem fazer absolutamente nada, só pensar na vida que eu poderia construir.
Não quero mais voltar à casa de praia, porque seria se como eu estivesse entrando em um abismo de novo. E por falar nisso nunca mais vi e não soube e nem nunca quero mais saber noticia daquele garoto insano.
Já se passaram 1 ano dês do meu acidente, não superei por completo, mas aos poucos tudo vai melhorando. A minha rotina e a da minha família mudou, tudo foi se transformando para que as minhas necessidades se encaixassem, digamos que agora eu nasci de novo estou como um neném só que bem maior e com certeza com a cabeça no lugar, pronta pra enfrentar a vida de cabeça erguida e fazer dela um grande e verdadeiro espetáculo.

Um comentário:

  1. meuuu amorrrr...to te seguindo flor...segue eu tbm ;* haha
    askopakosopa
    eu te amo muito
    parabéns pelo blog amiga
    é maravilhosos e vc escreve muito bem!

    DEUS lhe abençoe
    Nina.

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